quinta-feira, julho 31, 2008

p.s. - eu amo-te, leitura de Agosto

O que acontece quando um grande amor acaba cedo demais? Este é o tema fundamental do maravilhoso romance de estreia de Cecilia Ahern, filha do primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern., p. s. – eu amo-te . Cecília escreve-o em três meses aos 22 anos e torna-se um bestseller no Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, já traduzido em 40 países. Holly e Gerry tinham o tipo de amor que muita gente sonha encontrar. Namorados desde a escola, cresceram juntos e tornaram-se os melhores amigos , amantes, e formavam um casal de verdadeiras almas gémeas. Quase todas as noites Holly e Gerry discutiam para ver qual dos dois se iria levantar da cama e colocar os pés na fria tijoleira para apagar a luz e voltar no escuro a tactear para a cama. Nenhum dos dois tencionava comprar um candeeiro de mesinha de cabeceira e assim eternizavam o ritual cómico da luz que nenhum desejava acabar.
Pode pois imaginar-se o desgosto de Holly quando antes de fazer 30 anos perde tragicamente Gerry, vítima de um tumor cerebral. Agora, ao recordar todos esses momentos de pura felicidade sente-se perdida no presente sem Gerry. Ahern descreve cuidadosamente o processo de luto após a sua morte. Holly tem de aprender a viver só, tarefa que lhe parece impossível. Ajuda-a a mão orientadora de Gerry que de uma forma muito engenhosa perpetua a sua presença junto da mulher amada ao deixar-lhe em cartas uma lista de tarefas para os 12 meses que se seguem à sua morte onde Holly virá a encontrar a esperança e a aprender a viver de novo.
O livro já adaptado ao cinema é uma leitura fascinante e mais uma vez uma adaptação que decepciona…
Começa assim:
“Holly encostou a camisola de algodão azul de encontro à face e o cheiro familiar feriu-a imediatamente, uma dor devastadora dando-lhe um nó no estômago e atacando-lhe o coração. Picadas subiram-lhe pela nuca e um aperto na garganta ameaçava sufocá-la. O pânico instalou-se. Para além do zumbido baixo do frigorífico e do gemer dos canos do aquecedor eléctrico, a casa estava em silêncio. Ela estava sozinha, A bílis subiu-lhe à garganta correu à casa de banho onde caiu de joelhos em frente da sanita.
Gerry tinha-se ido embora e nunca mais iria voltar. Esta era a realidade. Ela nunca mais iria deixar correr os seus dedos sobre o suave cabelo dele, nunca mais partilharia uma piada por cima da mesa num jantar de festa, nunca mais lhe iria gritar quando chegava a casa do trabalho e apenas precisava de um abraço, ela nunca mais iria partilhar uma cama com ele, nunca mais seria acordada pelos ataques de espirros dele em cada manhã, nunca mais riria tanto com ele que estômago acabava por lhe doer, nunca mais poderia discutir com ele de quem era a vez de se levantar para ir desligar a luz do quarto de dormir. Tudo o que restava era um monte de memórias e uma imagem da cara dele que se tornava mais vaga a cada dia que passava.”
Quem já viu o filme, se gostou, não deixe de ler o livro!
p.s. – eu amo-te, Cecília Ahern, tradução de Helena Barbas, EDITORIAL PRESENÇA, Lisboa, 2008
Boa Leitura!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

domingo, julho 27, 2008

Fado!

Guitarras que choram
como o pulsar do coração
descompassado da vida
sentimento de tristeza e alegria
o tanger das cordas
suaviza a dor
que envolve a vida
escapa em cada nota
harmonizada com o amor...
o ciúme... a paixão
sonhos passados
à distância do teu coração
na noite da tua partida.
Fado!
Marca a ritmo lento
a melancolia da minha vida
música chorada
leva consigo a tua essência.
Evoca cadenciados instantes
vida e alma amalgamadas
momentos de ansiedade
para não deixar-te partir
no abismo do esquecimento.
Fado!
Ao suave gemido da viola
misturam-se lágrimas
há tanto tempo reprimidas
para banhar com elas
a alma entesourada...
Em cada canto um lamento
desta alma que não envelhece
apesar do passar do tempo
apesar da distância,
apesar de meu amor
apesar da saudade…
Fado!

PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!!

quarta-feira, julho 23, 2008

... o meu perfume de infância...

Eu tenho um perfume de infância… Toda a gente deveria ter o seu... O “meu”, não sei de onde vem… levemente almiscarado parece ser de uma árvore … Esses perfumes deviam ser vendidos em frasquinhos… por mim, compraria litros da essência do “meu”… Se alguém já passou pele a experiência de sentir o “seu” cheiro de infância deve saber do que estou a falar... deve saber que o aroma é arrebatador… O perfume conduz-nos de olhos fechados… fazemos uma viagem aos lugares encantados do nosso passado… Encontrei o “meu” há uns anos atrás… numa ruazinha calma do Jardim do Palácio de Cristal cheio de árvores centenárias... vou lá só para recordar–te porque é o teu perfume… O cheiro de infância apanha-nos de surpresa e é muito rápido quando decide manifestar-se… devemos estar sempre atentos… já me aconteceu reencontrar o “meu” em lugares completamente inusitados… Há dias, arrebatou-me em pleno centro comercial... Fazia compras distraída mas ele estava lá para me surpreender... as horas em que se manifesta e aparece também variam…tanto faz de manhã… de tarde… ou de noite… O que mais importa é estar preparado para o receber… O cheiro de cada um pode ser de árvore, como no meu caso, de flor, de bolo, de terra, de vento, de brisa, de bola, de balão, de pião, de campo, de casa, pode ser de qualquer coisa, mas todos precisamos ter um... Se ainda não encontraram o vosso, sugiro que o procurem...

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!

sábado, julho 19, 2008

O jardim dos olhos teus...

Sonho com teu olhar carinhoso,
com o jardim de teus olhos
onde é eterna a minha morada.
Quero escutar tua voz,
acariciar-te com a minha,
perder meus dedos no bosque
por baixo do teu cabelo.
As pétalas que desfolhas
não são da flor que vejo,
seja qual for que desfolhes
continuo a querer-te sem pejo.
A ponte que me faz chegar
a teu doce coração
não a consigo encontrar
mas é o mais belo lugar
que guardas aí no teu peito.

PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!!

quinta-feira, julho 10, 2008

"O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe"

Abel de Lima Salazar (1889-1946), nasceu em Guimarães a 19 de Julho e viveu em S. Mamede Infesta, concelho de Matosinhos, durante mais de 30 anos, na casa que tem o seu nome, e que está transformada em Museu.
Terminou com 20 valores o Curso de Medicina e doutorou-se em 1915, na Faculdade de Medicina do Porto, com um Ensaio de Psicologia Filosófica, dissertação muito influenciada por Taine, a quem o júri atribuiu a classificação máxima.
Em 1919 era o professor da cadeira de Histologia da Faculdade de Medicina do Porto e foi o fundador e director do Instituto de Histologia e Embriologia, um centro de estudos muito modesto onde concebeu e realizou uma série de trabalhos de investigação notáveis, de que se destacam as pesquisas relativas à estrutura e evolução do ovário. Introduz concepções científicas próprias sobre a atrésia do folículo de Graaf, estabelece as bases da evolução pós-fetal do ovário e descreve os seus tipos principais.

Criou novos métodos de técnica histológica e, entre eles, o método tanino-férrico, o “método Salazar», que o irá tornar mundialmente conhecido.
Sempre defendeu a prioridade da educação sobre o ensino, e assim mantém o Laboratório de Histologia permanentemente aberto aos alunos, tanto de dia como de noite, e facilita o desenvolvimento da observação, o convite à reflexão e à iniciativa pessoal, como uma outra forma de alcançar o conhecimento, em suma as bases da investigação.
O magistério de Abel Salazar era aberto ao diálogo com os seus alunos, com o objectivo de despertar o entusiasmo criador.
Desenvolveu métodos para estimular a inquietação científica dos seus alunos, procurando desenvolver as qualidades intelectuais e humanas de cada um. Ensinou-os a serem críticos em face do conhecimento estabelecido, porque sabia bem como muito dele era transitório.
Defendia a supressão da avaliação quantitativa e a redução ao mínimo da intervenção do professor na aprendizagem.
Em 6 de Julho de 1933, ingressou na loja maçónica do Porto «Lux et Vita», uma das lojas do Grande Oriente Lusitano Unido.
A 13 de Maio de 1935, o Governo do Estado Novo, publicou o famoso decreto – lei nº 25317, de modo a dar uma aparência de legitimidade às perseguições políticas que planeava.
Os dois primeiros artigos desse decreto-lei diziam o seguinte:
«Art. 1º. Os funcionários públicos ou empregados, civis ou militares, que tenham revelado ou revelem espírito de oposição aos princípios fundamentais da Constituição Política, ou não dêem garantia de cooperar na realização dos fins superiores do Estado, serão aposentados ou reformados, se a isso tiverem direito, ou demitidos em caso contrário.
Art. 2º. Os indivíduos que se encontrarem nas condições do artigo anterior não poderão ser nomeados ou contratados para quaisquer cargos públicos nem admitidos a concurso para provimento neles. Neste mesmo ano, começou a ser perseguido por razões de ordem política e foi compulsivamente afastado da regência da sua cátedra.
Apesar de expulso da Faculdade e das múltiplas dificuldades que lhe foram levantadas, publicou muitos trabalhos de índole científica, de marcada originalidade e alguns de grande repercussão no estrangeiro, desenvolvidos num pequeníssimo laboratório instalado num vão das escadas da Faculdade de Farmácia.
Dizia de si próprio:
” Esclareço que nunca fui um político; toda a minha vida me ocupei unicamente da actividade intelectual.”
Toda a sua actividade intelectual revela o democrata enérgico e activo, tantas vezes revoltado, na sua enorme ânsia de verdade e justiça social.
Além de cientista de renome internacional, Abel Salazar, notabilizou-se como pedagogo, artista plástico, ensaísta, crítico, filósofo criador e sistematizador, divulgador de doutrinas e ideais progressistas.
«Pela variedade e brilho dos dotes, inclusive os científicos, aparentava-se a alguns dos grandes artistas da Renascença», disse dele Ferreira de Castro.
São várias as suas obras escritas:
Ensaio de Psicologia Filosófica, 1915.
Notas sobre a Filosofia da Arte, 1933. Está reeditado desde 2005.
A Posição Actual da Ciência, da Filosofia e da Religião, 1934
Evolução Histórica do Pensamento, 1934
A Socialização da Ciência, 1933
A Função Social da Universidade, 1934
Uma Primavera em Itália, 1934
Um Estio na Alemanha, 1935
Digressões em Portugal, 1935
A Ciência e o Momento Actual, 1938
Reflexões sobre a História, 1938
Paris em 1934, 1938
Digressões em Portugal, 1938
Recordações do Minho Arcaico, 1939 , reeditado desde 2002
O Que é a Arte? 1940 , está reditado desde 2003
A Crise da Europa, 1942
Henrique Pousão, 1947
Como artista plástico Abel Salazar praticou várias técnicas, e esta é uma das facetas mais notáveis do seu temperamento, da sua criatividade e da sua capacidade multifacetada. Reconhecido como pintor e desenhador, ainda tem uma pujante e qualificada obra como caricaturista, gravador e escultor. A mulher em todas as suas actividades, é a grande musa inspiradora do artista na sua obra. Dedica-se com grande originalidade, aos cobres martelados. Numa execução pessoal, repuxando-os e combinando a acção dos ácidos com o fogo, dá, aos nus femininos, uma nova sensualidade. Os pratos de cobre que Abel Salazar cria são peças que despertam um fascínio incomparável.
Foi também crítico de Arte de que se evidenciam os seus exaustivos estudos sobre o pintor Henrique Pousão, as suas apreciações sobre Soares dos Reis, e Columbano entre tantas outras figuras de artistas nacionais e estrangeiros, e os seus escritos sobre a Filosofia da Arte.
O seu pensamento diversificado manifesta-se em «A Crise da Europa», estudos de divulgação, interpretação e crítica sobre «O pensamento positivo contemporâneo», sobre a filosofia das ciências e das religiões, a maior parte deles inéditos ou esparsos em jornais e revistas nacionais ou estrangeiros (principalmente em «O Diabo», «Sol Nascente», «O Trabalho», «Esfera» e «Seara Nova»), escritos do mais alto valor intelectual que carecem ser urgentemente reunidos, sistematizados e estudados por equipas de especialistas. Neste sector, são de recordar as suas obras: «A Socialização da Ciência», «O Condicionalismo Limitante e a Ciência», «Influência da Totalização da Experiência sobre a Evolução do Pensamento», «A Ciência e o Direito», «Indivíduo e Colectividade», «Clerocracia», «História Científica das Religiões».
Abel Salazar falece em Lisboa em 29 de Dezembro de 1946. O corpo segue para o Porto, mas o préstito funebre é desviado pela polícia política, para não passar por Coimbra. Chega de noite ao Porto, seguindo logo para o Cemitério do Prado do Repouso, onde a urna ficou depositada. No dia seguinte, realiza-se o funeral, que parte sem féretro da Casa dos Jornalistas e vai engrossando chegando ao cemitério um grande cortejo, onde uma multidão, formada por oposicionistas de diversas vertentes, lhe presta homenagem.
Discursam o republicano histórico Dr. Eduardo Santos Silva e o Prof. Ruy Luís Gomes que, seguidamente, é preso. No seu funeral encontram-se portugueses de
todas as condições, numa verdadeira consagração nacional.
Após a morte de Abel Salazar, em 1946, foi organizada a Fundação Abel Salazar, por iniciativa do Prof. Ruy Luís Gomes e de um grupo de Amigos, que promoveu a abertura ao público de parte da Casa-Museu, com a exposição da sua obra artística (1950).
Aí, estão expostas as variadas expressões da Arte Viva, marcadamente pessoal, profundamente humana e plena de beleza, de Abel Salazar. Para preservar a Casa, o espólio por ele deixado, e vencer a sistemática oposição das autoridades da época para legalizar aquela Fundação, esta passou a constituir-se, em cooperativa (1963) sob a presidência do Prof. Alberto Saavedra, onde promoveu iniciativas de vulto. As reuniões deste grupo de mulheres e homens, que constituíam os órgão de direcção, na maioria seus amigos pessoais, e opositores ao regime conhecidos, efectuavam-se semanalmente em casa de meu avô materno, a casa da minha infância. Abel Salazar faz parte da minha memória embora tenha nascido já depois da sua morte.
Devido, também, à grande dedicação que esta "obra" sempre mereceu ao Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, este conseguiu que aqu
ela Instituição comprasse a casa e o seu recheio, após a morte da viúva de Abel Salazar (1965) e adquirisse uma valiosa colecção de suas obras artísticas, pertencentes à sua irmã (1971).
Nesse período foram executadas obras de restauro que a adaptaram a
Casa Museu e foi construído no jardim um Pavilhão de Exposições.
Em 31 de Maio de 1975, numa superior atitude de isenção, a Fundação Gulbenkian fez a doação da Casa-Museu, à Universidade do Porto. Em 2005 esta foi totalmente remodelada.
De 10 de Junho a 28 de Julho de 2008, na Biblioteca Municipal do Porto está aberta ao público a exposição Abel Salazar, O Desenhador Compulsivo, numa organização conjunta da Associação para a Medicina, as Artes e as Ideias, da Casa Museu Abel Salazar e da Câmara Municipal do Porto. Do programa a 19 de Julho destaco pelas 11 horas a visita à Casa-Museu guiada pela sua directora, Drª Luísa Garcia Fernandes e palas 16 horas a Homenagem da Cidade, ancorada no Prof. Nuno Grande, nas instituições que preservam a sua memória e em testemunhos vividos por seua contemporâneos.
Este é o meu tributo a esta figura impar do século XX em Portugal.
BEIJOS!!

sábado, julho 05, 2008

Na exortação dos sentidos...

Da exortação
dos sentidos
despertou errante
a imaginação
e desenhou
sem sentido
cada suspiro
de inspiração.
A lua nasce
espreita na noite
de perfumes exóticos
associa-se ao sonho
naufraga em olhares.
Teus olhos
janelas verdes
onde encontro
o desejo.
Essa luz
que desenha
teu sorriso
é a esperança
que me acena...

(Imagem Five Senses and Love Anson Liaw)

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!